28 março 2020
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A LIBERTAÇÃO DE UMA MENTALIDADE ESCRAVIZADA: paralelo entre os hebreus e os povos da contemporaneidade
Há
exatos 3.332 anos, no mês judaico de Nissan, Moshe libertava o povo hebreu da
escravidão no Egito, após uma série de acontecimentos sobrenaturais, que
serviram para pressionar o faraó a autorizar a saída do povo. Entretanto, um
dos pontos mais intrigantes, além da dificuldade imposta pelo governo egípcio na
época, foi à resistência do próprio povo referente ao ato de liberdade, liderado
por Moshe.
Posteriormente
a saída/retirada, não demorou muito e se iniciaram os primeiros problemas,
pois, a retirada foi corpórea (física), mas, muitos ainda possuíam suas mentes
aprisionadas ao sistema. Houveram aqueles que choraram sentindo falta das “cebolas
do Egito”; outros que, exclamavam com discursos pessimistas de que iriam morrer
de fome ou de sede; enquanto outros, argumentavam que seria melhor viver como
escravos, do que morrer na guerra em meio ao deserto.
Nesse
vai e vem de fatores, em que Moshe e seu irmão Aharon, tentavam a todo custo, mostrar
dados confiáveis ao povo, referente aos milagres presenciados, os livramentos
obtidos, as provisões alcançadas, e os cuidados em geral, dados pelo Criador a
estes. Foram quarenta anos – isso sim, foi uma quarentena –, de caminhada, lutas,
vitórias, perdas, conquistas que, fatidicamente, serviu para filtrar uma camada
populacional de mente escravizada, do qual, somente entrariam na sonhada e
prometida terra, após a geração escrava passar, restando aos seus descendentes
(de mentes mais esclarecidas), o privilégio da aquisição e posse do território.
Mais
de três milênios depois, podemos fazer um novo paralelo: entre os escravos da
antiguidade, e os escravos modernos da contemporaneidade, pois, o mundo foi
acometido de uma nova grande “praga”: o Coronavírus (COVID-19), situação ímpar
para revelar o quanto a humanidade mudou ou, o quanto ela continua a mesma.
Independente
de visão política ou discursos demagógicos, vemos a humanidade (com suas
prioridades) imposta a contenção, por meio do isolamento social, em ritmo de
quarentena. Homens e mulheres estão obrigados a confinassem em suas próprias casas,
para conter o avanço e velocidade da contaminação do vírus. Situação esta, que fez-nos
lembrar daqueles hebreus, recém-libertos dos domínios do rei egípcio, quando
reclamavam de sua liberdade, atribuindo sua escravidão como a melhor
alternativa. Da mesma forma em que muitos hoje, lutam por seus empregos, nem
que para isso, tenham que pagar com o agravamento de suas saúdes, enquanto os
governos e algumas das grandes corporações fazem campanha para que estes fiquem
em casa.
Do
mesmo modo, percebemos com este fato dos povos isolados em suas residências
hoje, que nem sequer se compara com o grau de dificuldade vivenciada pelos
israelitas em processo nômade na Antiguidade, mas, que evidenciam o mesmo fator
que levou os hebreus a peregrinarem os quarenta anos: o murmúrio e o pessimismo.
Muitos nesta humanidade hodierna não conseguem perceber no privilégio de
estarem, em tempo integral, em suas casas, com os seus familiares. Coisas que
só podiam fazer raramente em feriados anuais.
Muitos
não conseguem perceber a importância de estarem mais próximos dos filhos, da
oportunidade de reavaliar a vida, da capacidade de se planejarem para o pior ou
para o melhor, da possibilidade de saírem mais fortalecidos, em meio aos
horrores desta crise. É tempo de termos paciência, de esperarmos o “anjo da
morte passar” – na segurança de que nossos umbrais estão identificados e
protegidos. É tempo de proteger nossos familiares, impedindo-os de terem que se
deparar com um sistema hospitalar sucumbido, enquanto necessitam de socorro.
Que
este isolamento social possa servir para reconhecermos a importância de um
aperto de mão, de um abraço, e de um beijo, pois, hoje estes são os principais atos
que propõe o contágio. Que neste tempo de aflição, possamos dar o apoio a quem
precisa, mesmo que estejamos temporariamente distantes. Que a tecnologia, que
antes era vista como uma ferramenta que nos distanciava, possa ser utilizada
como um objeto para esta reaproximação.
Espero
que o nosso povo possa perceber que, sobreviver neste momento é o mais
importante que qualquer fator financeiro, pois, não será o risco de perder seus
empregos ou deixarem de arrecadar, que vão impedi-los de sobreviver. Devemos lembrar-nos
da força humana que temos. Devemos lembrar que muitos, mesmo desempregados, conseguiram
escapar de situações ruins, dando a devida volta por cima, desse modo, não será
diferente com esta atual realidade.
Portanto,
de uma forma ou de outra, sobreviveremos a esta calamidade, mas, teremos que
nos abster de ações que nos levam diretamente ao problema. Numa guerra, às
vezes é melhor recuar para atacarmos com melhores condições, do que promovermos
atos de bravuras isolados, complicando ainda mais o caos. Que tenhamos a
consciência de que é o sistema que depende de nós (força humana), e não nós
quem dependemos dele.
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Essa história é maravilhosa parabéns pela postagem, qual a região do Maranhão que possívelme tem muitos desedentes de judeus pois estou tentando descobrir as minhas raízes minha família são de Coroatá são de sobrenome Pereira dos Reis, costa pinto qual caminho devo fazer para descobrir minha origem.
ResponderExcluirOlá! Por gentileza, me chama no WhatsApp: (99) 98135-9369.
ExcluirExiste sinagoga aqui em São Luís?
ResponderExcluirOlá! Estamos iniciando as bases de uma Comunidade em São Luís. Por gentileza, me chama no WhatsApp (99) 98135-9369.
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